Poker, videogames, música e culinária: transformando lazer em negócio

Segundo o dicionário, lazer é um substantivo masculino que significa tempo que sobra do horário de trabalho e/ou do cumprimento de obrigações, aproveitável para o exercício de atividades prazerosas.
É verdade que no mundo atual os adultos têm cada vez menos hora para lazer. De acordo com dados do Banco Central Americano, o Brasil está entre os 16 países com maior jornada de trabalho do mundo. No entanto, quando sobra um tempo livre, há espaço para a realização de atividades prazerosas que se enquadram como lazer.
Algumas como poker, videogame, culinária e música contam com um potencial enraizado por natureza e pessoas que se destacam em um desses setores podem fazer do lazer um futuro negócio.
Videogames

Até pouco tempo, jogar videogame era algo totalmente casual e simplesmente destinado ao lazer e diversão. A “brincadeira” passou a ficar muito séria nos últimos 10 anos, com competidores que se destacam profissionalmente e ganham a vida com os jogos.
Os chamados cyber atletas se destacam no mundo dos e-sports e a maioria dos jogadores profissionais nasceram entre 1994 até 1998. Nessa faixa etária, os competidores cresceram encarando os videogames como um mero entretenimento antes de entrar para valer nas competições.
É o caso de Marcelo David, conhecido como “coldzera” e um dos melhores jogadores de todos os tempos de Counter Strike. Quando adolescente, o brasileiro jogava o game como lazer e conciliava com os estudos e o futebol.
Ele conta que, quando tinha 14 anos, recebeu a oportunidade de ingressar em um grande clube de futebol para almejar a carreira profissional nos gramados, só que seu pai o convenceu a declinar a chance. Ao refutar a possibilidade de jogar futebol profissional, Marcelo passou a focar cada vez mais no Counter Strike, até que pouco tempo depois aceitou uma oferta para jogar nos Estados Unidos.
A história de Marcelo é parecida com a de milhares de outros jogadores que atuam profissionalmente nos esportes eletrônicos. Isso serve de inspiração para pessoas que se destacam no nível amador e que querem encontrar maneiras que ainda são consideradas pouco convencionais de ganhar a vida.
O mercado dos esportes eletrônicos está cada vez mais próspero. Estima-se que só neste ano o setor impacte cerca de 450 milhões de pessoas, o que representa um aumento de aproximadamente 15% em relação ao ano passado. O Brasil é um dos principais consumidores de jogos e está atrás apenas da China e Estados Unidos, respectivamente, em número de fãs.
Música

Com a globalização da internet, as redes sociais e o YouTube se tornaram um dos maiores meios de se revelar novos talentos e não faltam exemplos disso. Nos últimos anos, cantores e bandas entraram para o público geral através do mundo online, como é o caso de Anitta, 5 Seconds of Summer, Cody Simpson, Calbie Caillat, Mallu Magalhães, Shawn Mendes e tantos outros.
A música é um grande hobby para boa parte da população brasileira e não é necessário muito aparato tecnológico para divulgar o trabalho na internet e divulgar a música para o mundo.
É claro que se trata de um mundo muito competitivo em que milhares de novos cantores e bandas tentam se destacar na rede online, no entanto, não faltam alternativas e meios para expor o trabalho na internet.
Não é apenas com a voz ou com o domínio de algum instrumento que é possível se profissionalizar na música através do lazer. A mixagem de som e outras questões relacionadas ao lado técnico da música também são alternativas.
Talvez esse seja o setor mais lucrativo de todos entre aqueles em que o lazer pode se tornar um grande negócio.
Culinária

Cozinhar pode ser uma atividade massiva para alguns, mas para outros é relaxante, gratificante e prazerosa. Além disso, a culinária é uma área desafiante em que a pessoa sempre tem algo novo a aprender.
Não faltam exemplos de sucesso nos últimos anos de empreendedores que tornaram o lazer da culinária em negócios prósperos.
Um exemplo é Caroline Domingues, que começou um negócio de marmitas caseiras e prosperou no bairro da Penha, na cidade de São Paulo. “Fizemos várias pesquisas de mercado antes de abrir a Sisters Fit e percebemos que havia espaço para o nosso negócio. Temos um cardápio diferenciado que agrada aos clientes, além de ser uma comida mais caseira”, diz Caroline.
O mercado de alimentos preparados em casa para consumo externo cresceu 22,5% entre 2014 a 2017 e a expectativa é que esse número suba cada vez mais com a popularização dos aplicativos de delivery.
Hoje, são mais de 170 mil MEIs registrados nesse ramo e geralmente em cada cidade grande há uma opção de negócio novo a ser aberto envolvendo a culinária.
A página virtual Pequenas Empresas e Grandes fez uma lista de cinco dicas para empreender no setor da comida caseira: regularização; MEI em dia; cuidados com a vigilância sanitária; conhecimento de marketing digital e empreender com foco no consumidor final.
Poker

Poucos hobbies se tornaram tão populares como o poker nos últimos anos. Entre esportistas e celebridades, a modalidade vem atingindo novos patamares a cada ano que passa e quase 10 milhões de brasileiros são praticantes cativos desse esporte.
No poker, estima-se que cerca de 95% joga por recreação, o que faz com que apenas uma pequena parcela seja de competidores profissionais. Quem é profissional já foi competidor recreativo algum dia e não é necessariamente obrigatório o jogador praticar profissionalmente para participar de torneios de elite.
Além disso, como o jogo de poker tem inúmeras variações, os jogadores podem se especializar em diferentes modalidades, o que torna esse esporte cheio de alternativas para sucesso.
O maior exemplo de jogador recreativo com sucesso entre os profissionais é o do brasileiro Roberly Felício. No ano passado, o competidor de Goiás entrou para a história do poker nacional ao se tornar o quarto do país a vencer uma etapa do World Series of Poker (WSOP).
Circuito mais importante do planeta, o WSOP tem alcance mundial. Na ocasião, Felício teve que derrotar mais de 10 mil competidores para ganhar a quantia de US$ 1 milhão.
É claro que não é todo amador que tem a capacidade de Roberly, porém, ele é um exemplo claro de um competidor recreativo que, através de muito estudo e habilidade, é possível jogar em pé de igualdade contra os melhores do mundo em determinados torneios.